Abaixo, segue a história deste Catecismo e as suas 129 perguntas e respostas.
O CATECISMO DE HEIDELBERG: SUA HISTÓRIA E INFLUÊNCIA
Alderi Souza de Matos
Uma das principais características da Reforma Protestante do século XVI foi a produção de um grande número de declarações doutrinárias na forma de confissões de fé e catecismos. Essas declarações resultaram tanto de necessidades teológicas quanto pastorais, à medida que os novos grupos definiam a sua identidade em um complexo ambiente religioso, cultural, social e político. O historiador Mark Noll observa que esse fenômeno é típico da Reforma, uma vez que o termo “confissão”, em seu sentido mais comum, designa as declarações formais de fé cristã escritas especialmente por protestantes, desde o início do seu movimento.[1]
O ramo reformado ou calvinista do protestantismo foi pródigo na produção de tais documentos, particularmente no período decorrido entre o primeiro catecismo de João Calvino, Instrução na Fé (1537), e os catecismos de Westminster (1648). Uma das mais extraordinárias declarações de fé escritas naquele período foi o famoso Catecismo de Heidelberg, também conhecido como o Heidelberger – o mais importante documento confessional da Igreja Reformada Alemã.
O objetivo deste estudo é refletir sobre a singularidade desse documento, tanto no que diz respeito às circunstâncias históricas que levaram à sua elaboração, quanto no que se refere à natureza excepcional do seu conteúdo e da sua contribuição à igreja. Conforme destacou o teólogo Karl Barth, o Catecismo de Heidelberg resultou das necessidades imediatas da vida de uma igreja específica. [3] Ao final, todavia, ele tornou-se a mais amplamente aceita das confissões de fé protestantes. As próximas seções irão abordar os antecedentes históricos do catecismo, os dois homens associados mais de perto à sua preparação, suas principais características e a sua influência duradoura.
1. Contexto Histórico
Foi especialmente na década de 1560 que o protestantismo reformado
penetrou na região da Renânia.[4] Enquanto o luteranismo debatia-se com
divisões internas, a tradição reformada suíça fez avanços em estados
anteriormente luteranos. Os líderes do movimento eram alemães que haviam sido
inspirados por Zurique e Genebra, mas que estabeleceram os seus próprios
padrões. Para alguns, esse era o próximo passo a partir do filipismo
(luteranismo moderado), em direção a uma ampla reestruturação do culto e da
disciplina. O movimento reformado ou reforma suíça algumas vezes tem sido
denominado “a segunda reforma”.[5]
Nas cidades-estados do Baixo Reno, o movimento teve início através de pressões de comunidades. Ainda na década de 1540, refugiados holandeses começaram a chegar ao Baixo Reno e esse influxo de imigrantes tornar-se-ia gigantesco após a repressão promovida pelo Duque de Alba nos Países Baixos em 1567. Em outras áreas, as mudanças religiosas foram promovidas pelos governantes. A reforma de Estrasburgo, sob a liderança de Martin Butzer, ou Bucer (1491-1551), já havia manifestado algumas características reformadas. João Calvino havia trabalhado ali por três anos (1538-1541) e era conhecido de muitos naquela região. Na década de 1550, Estrasburgo veio a tornar-se fortemente luterana e anticalvinista.
O Palatinado Renano ou Baixo Palatinado foi o primeiro e o mais importante estado a envolver-se com o novo movimento. Lutero havia visitado Heidelberg em 1518; naquela época, Bucer, então um jovem dominicano, abraçara a causa protestante. Heidelberg adotou o luteranismo sob Frederico II em 1545-1546. Todavia, durante a maior parte dos vinte anos seguintes uma série de conflitos manteve a vida da cidade em turbulência.[6]
Sob o eleitor Oto Henrique (1556-1559), o Baixo Palatinado adotou um luteranismo moderado que tolerava o zuinglianismo e o calvinismo. Todavia, no final da década de 1550 houve um grave conflito na Universidade de Heidelberg, no qual luteranos extremados atacaram aqueles de convicção melanchtoniana e reformada e introduziram formas de culto vistas pelos seus oponentes como idolátricas. A intolerância anticalvinista desagradou Oto Henrique e seu sucessor Frederico III, o Piedoso (1559-1576).
O eleitor Frederico ficou particularmente incomodado com uma amarga controvérsia a respeito da Ceia do Senhor ocorrida em 1560. Um pastor luterano e um diácono calvinista discutiram violentamente diante dos cidadãos reunidos para uma celebração dominical da Ceia do Senhor. Frederico baniu os dois antagonistas e tentou achar um caminho melhor. Ele era um homem sinceramente religioso e inteligente que havia sido convertido ao luteranismo através da esposa. O príncipe eleitor procurou familiarizar-se com os pontos controvertidos de culto e doutrina. Seu desprazer em relação a cerimônias elaboradas fizeram-no inclinar-se em direção ao calvinismo. Era cada vez mais difícil manter o luteranismo liberal do seu predecessor, agora que Melanchton estava morto (abril de 1560) e outros príncipes alemães estavam apoiando o partido radical.
Depois de um debate de cinco dias realizado em Heidelberg (junho de 1560), no qual as doutrinas calvinistas foram apresentadas de maneira convincente, Frederico começou a tomar providências no sentido de adotar o calvinismo. Em agosto, os religiosos que não quiseram aceitar a confissão Augustana Variata (1541) tiveram de retirar-se. Em janeiro de 1561, uma conferência de príncipes realizada em Naumburg separou luteranos e calvinistas de modo ainda mais dramático, e o eleitor passou a promover o calvinismo nos seus domínios. Na realidade, tratava-se de um calvinismo marcado por um espírito melanchtoniano.[7]
Frederico precisava de teólogos que pudessem trabalhar juntos. Ele encontrou uma dupla notável em Zacarias Ursino e Gaspar Oleviano, talentosos teólogos de orientação suíça, ambos com menos de 30 anos. Ursino foi nomeado professor de teologia – ele havia iniciado os seus estudos teológicos com Melanchton, mas também estudara pessoalmente com Calvino. Oleviano era um protestante reformado francês que também havia estudado com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton. Ele tornou-se o pastor da principal igreja de Heidelberg.
Noll observa que “juntos eles formaram uma equipe de rara
compatibilidade... Ambos estavam ansiosos em trabalharem juntos a fim de
apresentarem uma frente protestante comum. E ambos tinham o dom de
discernimento pastoral”.[8] Seus nomes ficariam permanentemente
associados ao produto mais influente do movimento reformado alemão – o
Catecismo de Heidelberg –, publicado no dia 19 de janeiro de 1563.
2. Os Colaboradores
2.1. Zacarias Ursino
Zacarias Baer ou Ursinus (1534-1583) nasceu na cidade silésia de Breslau
(hoje na Polônia). Seu pai era um homem de recursos modestos, mas Zacarias teve
uma excelente educação preparatória graças às suas conexões e ao apoio de um
benfeitor – Dr. João Crato, o médico da família. Na sua juventude, Ursino foi
grandemente influenciado pelo seu pastor, Miobano, um luterano com tendências
calvinistas. Ursino passou quase sete anos em Wittenberg (1550-1557) sob a
orientação de Filipe Melanchton, ao qual se apegara fortemente. Ali ele estudou
lógica, dialética e teologia.
Quando Melanchton foi para a conferência de Worms (1557), levou Ursino consigo. Ao terminar a conferência, Ursino passou dez dias em Heidelberg com o eleitor Oto Henrique. Em 1557-1558 ele foi para a Suíça e a França numa viagem de estudos, e visitou todas as figuras conhecidas que pôde, inclusive Calvino. Logo após regressar para Wittenberg, foi chamado para ensinar na sua cidade natal, mas teve de partir em abril de 1560 durante uma controvérsia a respeito da Ceia do Senhor. Foi então para Zurique, onde o reformador italiano Pedro Mártir Vermigli (1491-1562) o conduziu ao calvinismo explícito.
“Com a idade de vinte e sete anos, Ursino era um estudioso altamente preparado, apreciador dos clássicos e da poesia, e familiarizado com todo o campo da teologia”.[9] Ele foi para Heidelberg em setembro de 1561. Com a reação luterana que se seguiu à morte de Frederico III, mudou-se para Neustadt, onde passou os últimos cinco anos da sua vida, ensinando na escola fundada por João Casimir.
À semelhança de Calvino, Ursino era um estudioso retraído que tinha a modesta ambição de levar uma vida tranqüila; porém, a sua posição em Heidelberg tornou isto impossível.[10] O conselho afixado à sua porta em Neustadt é bastante revelador da sua personalidade: “Meu amigo, seja você quem for, torne a sua visita breve, vá embora, ou ajude-me no meu trabalho”.[11]
Ursino sempre afirmou que pertencia à igreja evangélica. Derk Visser
observa que “ele não pode ser categorizado como pertencente a nenhuma escola ou
movimento que não seja a igreja evangélica”.[12] Ele esteve sempre ansioso por
encontrar fórmulas conciliatórias e lutou sinceramente pela paz teológica.
Zacarias Ursino escreveu ou editou algumas das obras mais fundamentais da Igreja Reformada Alemã. A exposição mais sistemática da sua teologia pode ser encontrada no seu comentário sobre o Catecismo de Heidelberg. Peter Lillback argumenta que outra importante contribuição feita por ele à teologia reformada foi “a primeira apresentação claramente articulada do pacto das obras, que Ursino denominou o ‘pacto da criação’ ou o ‘pacto da natureza’”.[13]
2.2. Gaspar Oleviano
Kaspar von Olewig ou Olevianus (1536-1587) nasceu em Treves, na fronteira de Luxemburgo. Seu pai era o chefe da associação de padeiros da cidade. O jovem Oleviano freqüentou escolas católicas. Aos 14 anos foi para Paris e mais tarde, à semelhança de Calvino, estudou direito em Orléans e Bourges (1550-1557). Quando estava em Bourges, conheceu o futuro eleitor Frederico ao tentar inutilmente salvar o filho deste quando o mesmo se afogava em um rio. Durante aqueles anos, Oleviano foi influenciado por estudantes huguenotes e tornou-se um calvinista.[14]
Após a sua formatura, estudou com vários líderes protestantes na Suíça
(Pedro Mártir, Beza e Calvino) e foi incentivado a voltar para Treves. Não
havia nenhuma igreja protestante na cidade. Oleviano lecionou por um ano e meio
na academia local e em agosto de 1560 pregou um sermão eletrizante no qual
atacou a missa, o culto dos santos, procissões e outras práticas católicas.
Suplicou ao povo que observasse os ensinamentos das Escrituras. Dois meses
depois, foi preso juntamente com o prefeito e outras pessoas que o apoiaram.
Frederico imediatamente enviou embaixadores a Treves e obteve a sua
soltura. Oleviano foi para Heidelberg no dia 22 de dezembro de 1560 e tornou-se
pastor da Igreja de S. Pedro, bem como professor na escola de teologia. McNeill
comenta: “Ele era dois anos mais moço que Ursino, mais eloqüente e menos erudito”.[15]
3. O Catecismo
Ursino e Oleviano trabalharam no Colégio da Sabedoria, a escola de
teologia criada por Frederico. Oleviano atuou principalmente como pregador e
Ursino como professor. Frederico III queria um catecismo conciliador que
pudesse combinar o melhor da sabedoria luterana e reformada e servisse para
instruir as pessoas comuns nos elementos básicos da fé cristã.[16] Anteriormente, ele havia buscado o conselho de
Melanchton, que recomendou um documento baseado na simplicidade bíblica,
moderação e paz, advertindo contra as sutilezas escolásticas.
A exata autoria do Catecismo de Heidelberg é uma questão controvertida.
Joseph H. Hall declara que Ursino tornou-se a sua principal “fonte”, juntamente
com Oleviano, mas “a verdadeira autoria do Catecismo de Heidelberg permanece
inconclusiva”.[17] Barth vai além e diz que “o
catecismo não é obra de um autor; é obra de uma comunidade”.[18] No entanto, ele admite que os dois teólogos tiveram uma
participação decisiva no projeto.
Com respeito a Oleviano, Lyle Bierma observa que a historiografia dos
últimos 350 anos o tem associado a pelo menos duas fases da obra: a preparação
dos esboços iniciais e a redação final da primeira edição alemã.[19] Ele mesmo acredita que o papel de Oleviano foi o de um
redator intermediário – ele teria preparado um esboço do texto alemão baseado
em grande parte na Catechesis Minor de Ursino (1562), que
então apresentou a um grupo maior de teólogos e pastores para a elaboração
final.[20]
O catecismo foi publicado inicialmente sob o título Catecismo ou
Instrução Cristã como tem sido transmitida nas Igrejas e Escolas do Palatinado
Eleitoral.[21] Foram evitadas questões
controvertidas quanto à Ceia do Senhor e o conceito calvinista da predestinação
foi apresentado de uma forma mais moderada.
Uma edição latina publicada em 1563 foi usada como base para várias
traduções para o inglês. O Catecismo Palatino, como veio a ser chamado, teve
ampla aceitação na Escócia. A sua aprovação pelo Sínodo de Dort (1618)
aumentou grandemente a sua autoridade.
4. A Recepção do Catecismo
O novo documento confessional rapidamente obteve aceitação formal em
virtualmente todas as igrejas calvinistas. Noll observa que “ele tornou-se imediatamente
popular naquelas partes da Alemanha que se inclinavam na direção reformada e
até mesmo alcançou algum sucesso em áreas luteranas, durante as duas décadas
seguintes...”[22]
Frederico resistiu a todas as pressões de outros príncipes e do
imperador Maximiliano no sentido de repudiar o catecismo. Em maio de 1566, ele
foi convocado a explicar-se diante da dieta imperial reunida em Augsburgo, sob
a acusação de ser um violador do Tratado de Augsburgo (1555). Em virtude de sua
defesa eloqüente e convincente, nenhuma ação punitiva foi tomada e ele passou a
organizar mais plenamente a igreja palatina, a fim de dar-lhe segurança e
estabilidade.
O próximo eleitor, Luís VII (1576-1583), filho de Frederico, resolveu
abolir a Igreja Reformada e restaurar o luteranismo estrito. Cerca de 600
pastores e professores foram expulsos, entre os quais Oleviano, que foi para
Nassau-Dillenburg, e Ursino, que refugiou-se na corte do eleitor João Casimir.
Casimir sucedeu ao seu irmão e restaurou o calvinismo. Mais tarde,
Frederico IV (1592-1610) continuaria a favorecer a Igreja Reformada e a
fortalecer a sua organização.[23]
A importância do Catecismo de Heidelberg como um guia para a vida cristã
é evidenciada pelas suas muitas edições e traduções. Somente nas últimas
décadas do século XVI quarenta e três edições e traduções vieram à luz. Até
1981, mais de 200 versões já haviam sido identificadas.[24]
O catecismo teria uma influência ainda maior na Holanda. Por volta de 1586, os
ministros da igreja protestante holandesa precisavam subscrevê-lo como
expressão de sua fé e ele tornou-se a base da “pregação catequética” semanal
tanto na Holanda quanto na Alemanha.
5. Peculiaridades
O Catecismo de Heidelberg tem sido destacado como a mais bela das
confissões de fé produzidas pela Reforma Protestante, a mais generosa e pessoal
dentre as exposições do calvinismo. Trata-se de uma confissão constituída de
129 perguntas e respostas, tendo a sua seqüência baseada na Epístola aos
Romanos. As duas primeiras perguntas são introdutórias. A 1ª pergunta,
“uma jóia de confissão existencial”,[25] estabelece o
teor do documento, e a 2ª pergunta esboça o que vem a seguir: “meu pecado e
miséria”, “como sou redimido” e “como devo ser grato”.
O documento tem três divisões principais: a 1ª Parte – “Nosso Pecado e
Culpa: A Lei de Deus” (perguntas 3 a 11), é uma confissão da pecaminosidade
humana e do desprazer de Deus. A 2ª Parte – “Nossa Redenção e Liberdade: A
Graça de Deus em Jesus Cristo” (perguntas 12 a 85), revela o plano de redenção
e inclui uma exposição do Credo dos Apóstolos. A 3ª Parte – “Nossa Gratidão e
Obediência: Nova Vida através do Espírito Santo” (perguntas 86 a 129),
apresenta a gratidão obediente como o fundamento das boas obras e inclui uma
exposição dos Dez Mandamentos e da Oração Dominical. Esta seção vê a vida
cristã como a resposta de gratidão do crente às bênçãos de Deus. Constitui-se
em um “pequeno clássico da vida devocional”.[26]
Os estudiosos têm destacado algumas outras características que tornam
esse documento especialmente notável:
1. O uso do pronome da primeira pessoa, muitas vezes no singular,
“confere ao seu testemunho evangélico um tom caloroso e pessoal”.[27] Bons exemplos disso são a pergunta n° 1: “Qual é o
teu único consolo, na vida e na morte?” Resposta: “Que eu pertenço – corpo e
alma, na vida e na morte – não a mim mesmo, mas ao meu fiel Salvador, Jesus
Cristo...”; e a definição de fé encontrada na resposta à pergunta n° 21: “É não
somente um conhecimento seguro pelo qual eu aceito como verdadeiro tudo o que
Deus nos revelou em sua Palavra, mas também uma confiança plena que o Espírto
Santo cria em mim através do evangelho...”
2. É a mais ecumênica dentre as confissões da Reforma, reunindo três
correntes do pensamento reformado. Ademais, está isenta de definições
dogmáticas e é notavelmente não-sectária.[28] A
pergunta 80, sobre a diferença entre a Ceia do Senhor e a Missa, foi inserida
pelo eleitor Frederico após a primeira impressão.
3. Possui um caráter inteiramente bíblico; toda a sua estrutura é
moldada pela perspectiva bíblica. O catecismo deixa a Escritura falar e não
procura substituí-la.
4. Em sua posição teológica, o catecismo é cristão, evangélico e
reformado, estando plenamente radicado na tradição dos apóstolos e dos
concílios ecumênicos da igreja antiga.[29]
5. O catecismo é um manual de religião prática. Ao invés de levantar
problemas especulativos, a fé cristã é apresentada de maneira prática,
acentuando-se a sua importância para a vida diária. Foi concebido para
ser ao mesmo tempo um guia para a instrução religiosa das crianças e dos jovens
e uma confissão para toda a igreja.[30]
Bela Vassady comenta que o Catecismo de Heidelberg tem cumprido um
quádruplo propósito: catequético, teológico, litúrgico e querigmático. “Ele
combina de modo feliz a ênfase à necessidade humana de salvação com um
testemunho ainda mais forte do triunfo da graça e da glória de Deus em Sua
contínua obra de redenção”.[31]
Outros temas importantes são a sua ênfase na bondade e providência de
Deus, sua forte preocupação soteriológica e sua insistência numa “interioridade
que não se torna em mera subjetividade”.[32] Joseph
Hall comenta que “o Catecismo de Heidelberg presta-se a uma pedagogia
holística. Ele contém perguntas cognitivas com respostas devocionais.[33] Isso pode ser visto nas perguntas e respostas sobre
a Oração Dominical (119-129).
Finalmente, como muitas outras declarações de fé reformadas, o ensino
sobre os Dez Mandamentos vem após uma exposição do Credo dos Apóstolos (nas
declarações de Lutero é o contrário). Essas posições não são antitéticas, mas
apontam para ênfases diferentes: a Lei como parte do alegre serviço do crente a
Cristo (ênfase reformada) e como a força que impele o pecador a ele (ênfase
luterana).
Conclusão
Por mais de quatrocentos anos, o Catecismo de Heidelberg tem sido uma
fonte de conforto, encorajamento e alimento espiritual para muitas gerações de
cristãos em vários continentes. Ele não só tem proporcionado inspiração a
homens e mulheres que enfrentam pressões externas e lutas interiores, mas
também tem sido um poderoso incentivo ao diálogo e à aceitação mútua entre
diferentes grupos e tradições cristãs. Isto se tornou possível, por um lado,
graças às circunstâncias peculiares que contribuíram para a sua composição e,
por outro lado, devido à maneira feliz com que seus autores expressaram as
antigas verdades de um modo que se tornou relevante e significativo para os
seus contemporâneos naqueles dias turbulentos. Espera-se que as igrejas
reformadas do início do século XXI possam conhecer e utilizar melhor mais esse
valioso elemento de sua herança evangélica.[34]
[1] Mark Noll, org., Confessions and
Catechisms of the Reformation [Confissões e Catecismos da Reforma]
(Grand Rapids: Baker, 1991), p. 13.
[3] Karl Barth, Learning Jesus Christ
through the Heidelberg Catechism [Aprendendo a Jesus Cristo através do
Catecismo de Heidelberg] (Grand Rapids: Eerdmans, 1964), p. 22.
[4] John T. McNeill, The History and
Character of Calvinism [A História e o Caráter do Calvinismo] (Nova
York: Oxford University Press, 1954), p. 268.
[5] Euan Cameron, The European Reformation [A
Reforma Européia] (Oxford: Clarendon House, 1991), 369.
[10] Christopher J.
Burchill, “On the Consolation of a Christian Scholar: Zacharias Ursinus
(1534-83) and the Reformation in Heidelberg” [Sobre a Consolação de um Erudito
Cristão: Zacarias Ursino e a Reforma em Heidelberg], Journal of
Ecclesiastical History 37, nº 4 (Outubro 1985): 565-83, 583.
[12] Derk
Visser, “Zacharias Ursinus: 1534-1583”, em Shapers of Religious
Traditions in Germany, Switzerland, and Poland: 1560-1600 [Formadores
de Tradições Religiosas na Alemanha, Suíça e Polônia], org. Jill Raitt (New
Haven: Yale University Press, 1981), p. 128.
[13] Peter Lillback, “Ursinus’ Development of
the Covenant of Creation: A Debt to Melanchthon or Calvin?” [A Elaboração do Pacto da Criação por
Ursino: Um Débito a Melanchton ou Calvino?], Westminster
Theological Journal 43 (1980-81): 247.
[14] McNeill, History and Character of
Calvinism, 270; Edward J. Masselink, The Heidelberg Story [A
História de Heidelberg] (Grand Rapids: Baker, 1964), p. 64.
[15] McNeill, History and Character of
Calvinism, p. 270.
[16] Noll, Confessions and Catechisms,
p. 134.
[17] Joseph H. Hall, “Reformed Catechetics”
[Catequese Reformada] Concordia Journal 5, no. 6 (Novembro):
205-207.
[18] Barth, Learning Jesus Christ, p.
23.
[19] Lyle Bierma, “Olevianus and the
Authorship of the Heidelberg Catechism: Another Look” [Oleviano e a Autoria do
Catecismo de Heidelberg: Um Novo Exame]Sixteenth Century Journal 13,
nº 4 (1982): 17-27, 17.
[20] Ibid., p. 27.
[21] Thomas F. Torrance, The School of
Faith: The Catechisms of the Reformed Church [A Escola da Fé: Os
Catecismos da Igreja Reformada] (Nova York: Harper & Brothers, 1959), p.
67.
[22] Noll, Confessions and Catechisms,
p. 134.
[23] McNeill, History and Character of
Calvinism, p. 274-76.
[24] Visser, “Zacharias Ursinus”, p. 135.
[25] Allen O. Miller e M. Eugene Osterhaven,
trads., The Heidelberg Catechism(Filadélfia: United Church, 1962),
p. 6.
[26] McNeill, History and Character of
Calvinism, p. 271-72.
[27] Ibid., p. 271.
[28] James I. McCord, “The Heidelberg
Catechism: An Ecumenical Confession” [O Catecismo de Heidelberg: Uma Confissão
Ecumênica], Princeton Seminary Bulletin56, nº 2 (Fevereiro 1988):
12-18, 13-14.
[29] Miller e Osterhaven, Heidelberg
Catechism, p. 7.
[30] McCord, “Heidelberg Catechism”, p. 12.
[31] “Our Only Comfort” [Nosso Único Consolo] Theology
and Life 6, nº 1 (1963): 7-16, 10-11.
[32] McCord, “Heidelberg Catechism”, p. 15.
[33] “Reformed Catechetics”, p. 207.
[34] Para uma edição
em português, ver Confissão de Fé [Belga] e Catecismo
de Heidelberg (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999).
DOMINGO
1
1. Qual é o seu único fundamento, na vida e na morte?
O meu único fundamento é meu fiel
Salvador Jesus Cristo (l). A Ele pertenço, em corpo e alma, na vida e na morte
(2) e não pertenço a mim mesmo (3). Com seu precioso sangue Ele pagou (4) por
todos os meus pecados e me libertou de todo o domínio do diabo (5). Agora Ele
me protege de tal maneira (6) que, sem a vontade do meu Pai do céu, não
perderei nem um fio de cabelo (7). Além disto, tudo coopera para o meu bem (8).
Por isso, pelo Espírito Santo, Ele também me garante a vida eterna (9) e me
torna disposto a viver para Ele, daqui em diante, de todo o coração (10).
(1) 1Co 3:23;
Tt 2:14. (2) Rm 14:8; 1Ts 5:9, 10. (3) 1Co 6:19, 20. (4) 1Pe 1:18,19; 1Jo 1:7; 1Jo 2:2,12.
(5) Jo 8:34-36; Hb 2:14,15; 1Jo 3:8. (6) Jo 6:39; Jo 10:27-30; 2Ts 3:3; 1Pe
1:5. (7) Mt 10:29,30; Lc 21:18. (8) Rm 8:28. (9) Rm 8:16; 2Co 1:22; 2Co 5:5; Ef
1:13,14. (10) Rm 8:14; 1Jo 3:3.
2. 0 que você deve saber para viver e
morrer neste fundamento?
R. Primeiro: como são grandes meus
pecados e minha miséria (1). Segundo: como sou salvo de meus pecados e de minha
miséria (2). Terceiro: como devo ser grato a Deus por tal salvação (3).
(1) Mt 9:12;
Jo 9:41; Rm 3:10; 1Jo 1:9, 10. (2) Lc 24:46, 47; Jo 17:3; At 4:12; At 10:43;
1Co 6:11; Tt 3:3-7. (3) Sl 50:14,15; Sl 116:12,13; Mt 5:16; Rm 6:12,13; Ef 5:10; 2Tm 2:15;
1Pe 2:9,12. Veja também Mt 11:28-30; Ef 5:8.
PARTE 1: NOSSA MISÉRIA
DOMINGO 2
3. Como você conhece sua miséria?
R. Pela lei de Deus (1).
(1) Rm 3:20.
4. 0 que a lei de Deus exige de nós?
R. Isto Cristo nos ensina num resumo,
em Mateus 22:37-40: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a
tua alma e de todo o teu entendimento.” Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes
dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas” (1).
(1) Lv 19:18; Dt 6:5; Mc 12:30,31; Lc
10:27.
5. Você pode observar esta lei perfeitamente?
R. Não, não posso (1), porque por
natureza sou inclinado a odiar a Deus e a meu próximo (2).
(1) Rm 3:10,20,23; 1Jo 1:8,10. (2) Gn
6:5; Gn 8:21; Jr 17:9; Rm 7:23; Rm 8:7; Ef 2:3; Tt 3:3.
DOMINGO 3
6. Mas Deus criou o homem tão mau e perverso?
R. Não, Deus criou o homem bom (1) e
à sua imagem (2) , isto é, em verdadeira justiça e santidade, para conhecer
corretamente a Deus seu Criador, amá-Lo de todo o coração e viver com Ele em
eterna felicidade, para louvá-Lo e glorificá-Lo (3).
(1) Gn 1:31.
(2) Gn 1:26, 27. (3) 2Co 3:18; Ef 4:24; Cl 3:10.
7. De onde vem, então, esta natureza corrompida do homem?
R. Da queda e desobediência de nossos
primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso (1). Ali, nossa natureza tornou-se tão
envenenada, que todos nós somos concebidos e nascidos em pecado (2).
(1) Gn 3; Rm 5:12,18,19. (2) Sl 51:5;
Jo 3:6.
8. Mas nós somos tão corrompidos que não podemos fazer bem algum e que
somos inclinados a todo mal?
R. Somos sim (l), se não nascermos de
novo pelo Espírito de Deus (2).
(1) Gn 6:5;
Gn 8:21; Jó 14:4; Jo 15:14, 16, 35; Is 53:6; Tt 3:3. (2) Jo 3:3,5; 1Co 12:3; 2Co 3:5.
DOMINGO 4
9. Então, Deus exige do homem, em sua lei, o que este não pode cumprir.
Isto não é injusto?
R. Não, pois Deus criou o homem de
tal maneira que este pudesse cumprir a lei (1). O homem, porém, sob instigação
do diabo e por sua própria rebeldia, privou a si mesmo e a todos os seus
descendentes destes dons (2).
(1) Gn 1:27;
Ef 4:24. (2) Gn 3:4-6; Rm 5:12; 1Tm 2:13, 14.
10, Deus deixa sem castigo esta desobediência e rebeldia?
R. Não, não deixa, porque Ele se ira
terrivelmente tanto contra os pecados em que nascemos como contra os que
cometemos, e quer castigá-los por justo julgamento, agora, nesta vida, e na
futura (1). Ele mesmo declarou: “Maldito todo aquele que não permanece em todas
as coisas escritas no livro da lei, para praticá-las” (Gálatas 3:10) (2).
(1) Gn 2:17; Êx 20:5; Êx 34:7; Sl
5:5; Na 1:2; Rm 1:18; Rm 5:12; Ef 5:6; Hb 9:27. (2) Dt 27:26.
11. Mas Deus não é também misericordioso?
R. Deus na verdade é
misericordioso(1), mas também e justo (2). Por isso, sua justiça exige que o
pecado, cometido contra a suprema majestade de Deus, seja castigado também com
a pena máxima, quer dizer, com o castigo eterno em corpo e alma (3).
(1) Êx 20:6; Êx 34:6,7. (2) Êx 20:5;
Êx 23:7; Êx 34:7; Sl 7:9. (3) Na 1:2,3; 2Ts 1:9.
PARTE 2: NOSSA SALVAÇÃO
DOMINGO 5
12. Então, conforme o justo julgamento de Deus, merecemos castigo, nesta
vida e na futura. Como podemos escapar deste castigo e, de novo, ser aceitos
por Deus em graça?
R. Deus quer que sua justiça seja
cumprida (1). Por isso, nós mesmos devemos satisfazer essa justiça, ou um outro
por nós (2).
(1) Gn 2:17; Êx 20:5; Êx 23:7; Ez
18:4; Hb 10:30. (2) Mt 5:26; Rm 8:3,4.
13. Nós mesmos podemos satisfazer essa justiça?
R. De maneira alguma. Pelo contrário,
aumentamos, a cada dia, a nossa dívida com Deus(1).
(1) Jó 4:18,19; Jó 9:2,3; Jó 15:16;
Sl 130:3; Mt 6:12; Mt 16:26; Mt 18:25.
14. Será que uma criatura, sendo apenas criatura, pode pagar por nós?
R. Não, não pode. Primeiro: porque
Deus não quer castigar uma outra criatura pela dívida do homem(1).
Segundo: porque tal criatura não
poderia suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado e dela livrar outros
(2).
(1) Gn 3:17; Ez 18:4. (2) Sl 130:3;
Na 1:6.
15. Que tipo de Mediador e Salvador, então, devemos buscar?
R. O Mediador deve ser verdadeiro(1)
homem e homem justo (2), contudo, mais poderoso que todas as criaturas;
portanto, alguém que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus (3).
(1) 1Co
15:21. (2) Hb 7:26. (3) Is 7:14; Is 9:6; Jr 23:6; Lc 11:22; Rm 8:3, 4.
DOMINGO 6
16. Por que o Mediador deve ser verdadeiro homem e homem justo?
R. Deve ser verdadeiro homem, porque
a justiça de Deus exige que o homem pague o pecado do homem (1). Deve ser homem
justo, porque alguém que tem seus próprios pecados, não pode pagar por outros
(2).
(1) Is
53:3-5; Jr 33:15; Ez 18:4, 20; Rm 5:12-15; 1Co 15:21; Hb 2:14-16. (2) Sl 49:7; Hb 7:26,27; 1Pe 3:18.
17. Por que o Mediador deve ser, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus?
R. Porque, somente sendo verdadeiro
Deus(1), Ele pode suportar (2), como homem, o peso da ira (3) de Deus, e
conquistar e restituir, para nós, a justiça e a vida (4).
(1) Is 9:6;
Rm 1:4; Hb 1:3; (2) Is 53:4, 11. (3) Dt 4:24; Sl 130:3; Na 1:6. (4) Is 53:5,11; Is 54:8; Jo 3:16; At
20:28; 1Pe 3:18.
18. Mas quem é esse Mediador que, ao mesmo tempo, é verdadeiro Deus (1)
e verdadeiro (2) homem e homem justo (3)?
R. Nosso Senhor Jesus Cristo (4), que
nos foi dado para completa salvação e justiça (5).
(1) Jr 23:6;
Mt 3:1; Rm 8:3; Gl 4:4; 1Jo 5:20. (2) Lc 1:42; Lc 2:6, 7; Rm 1:3; Fp 2:7; Hb
2:14, 17; Hb 4:15. (3) Is 53:9, 11; Jr 23:5; Lc 1:35; Jo 8:46; Hb 4:15; Heb
7:26; 1Pe 1:19; 1Pe 2:22; 1Pe 3:18. (4) Mt 1:23; Lc 2:11; Jo 1:1,14; Jo 14:6;
Rm 9:5; 1Tm 2:5; 1Tm 3:16; Hb 2:9. (5) 1Co 1:30; 2Co 5:21.
19. Como você sabe isto?
R. Pelo santo Evangelho, que o
próprio Deus, de início, revelou no paraíso(1). Depois mandou anunciá-lo pelos
santos patriarcas (2) e profetas (3) e, de antemão, o representou através dos
sacrifícios e das outras cerimônias do Antigo Testamento. (4) Finalmente, o
cumpriu por seu único Filho (5).
(1) Gn 3:15. (2) Gn 12:3; Gn 22:18;
Gn 26:4; Gn 49:10. (3) Is 42:1-4; Is 43:25; Is 49:6; Is 53; Jr 23:5,6;
Jr 31:32,33; Mq 7:18-20; Jo 5:46; At 3:22-24; At 10:43; Rm 1:2; Hb 1:1. (4) Cl 2:17; Hb 10:1,7. (5) Rm 10:4;
Gl 3:24; Gl 4:4,5; Cl 2:17.
DOMINGO 7
20. Todos os homens, então, tornam-se salvos por Cristo, assim como
pereceram em Adão?
R. Não(1), somente aqueles que pela
verdadeira fé são unidos a Cristo e aceitam todos os seus benefícios (2).
(1) Mt 7:14; Mt 22:14. (2) Sl 2:12;
Mc 16:16; Jo 1:12,13; Jo 3:16,18,36; Rm 3:22; Rm 11:20; Hb 4:2,3; Hb 5:9; Hb
10:39; Hb 11:6.
21. O que é a verdadeira fé?
R. A verdadeira fé é o conhecimento e
a certeza de que é verdade tudo o que Deus nos revelou em sua Palavra(1). É
também a plena confiança (2) de que Deus concedeu, por pura graça, não só a
outros, mas também a mim, a remissão dos pecados, a justiça eterna e a salvação
(3), somente pelos méritos de Cristo (4). O Espírito Santo (5) opera esta fé em
meu coração, por meio do Evangelho (6).
(1) Rm 4:20, 21;
Hb 11:1, 3; Tg 1:6. (2) Sl 9:10; Rm 4:16-21; Rm 5:1; Rm 10:10; Ef 3:12; Hb
4:16. (3) Hc 2:4; At 10:43; Rm 1:17; Gl 3:11; Hb 10:10, 38. (4) Lc 1:77, 78; Jo
20:31; At 10:43; Rm 3:24; Rm 5:19; Gl 2:16. (5) Mt 16:17; Jo 3:5; Jo 6:29; At
16:14; 2Co 4:13; Ef 2:8; Fp 1:29. (6) Mc 16:15; At 10:44; At 16:14; Rm 1:16; Rm
10:17; 1Co 1:21.
22. Em que um cristão deve crer?
R. Em tudo o que nos é prometido no
Evangelho. O Credo Apostólico, resumo de nossa universal e indubitável fé
cristã, nos ensina isto(1).
(1) Mt 28:19; Mc 1:15; Jo 20:31.
23. O que dizem os artigos deste Credo?
R. 1) Creio em Deus Pai,
Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra; 2) e em Jesus Cristo, seu único
Filho, nosso Senhor; 3) que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem
Maria; 4) padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado,
desceu ao inferno; 5) no terceiro dia ressurgiu dos mortos; 6) subiu ao céu e
está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso; 7) donde há de vir a julgar
os vivos e os mortos. 8) Creio no Espírito Santo; 9) na santa igreja universal
de Cristo, a comunhão dos santos; 10) na remissão dos pecados; 11) na
ressurreição da carne 12) e na vida eterna.
DOMINGO 8
24. Como se divide este Credo?
R. Em três partes. A primeira trata
de Deus Pai e da nossa criação. A segunda de Deus Filho e da nossa salvação. A
terceira de Deus Espírito Santo e da nossa santificação.
25. Por que você fala de três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo,
visto que há um só Deus (1)?
R. Porque Deus se revelou, em sua
Palavra, de tal maneira que estas três Pessoas distintas são o único,
verdadeiro e eterno Deus (2).
(1) Dt 6:4;
Is 44:6; Is 45:5; 1Co 8:4, 6; Ef 4:5, 6. (2) Gn 1:2, 3; Is 61:1; Mt 3:16, 17;
Mt 28:19; Lc 1:5; Lc 4:18; Jo 14:26; Jo 15:26; At 2:32, 33; 2Co 13:13; Gl 4:6;
Ef 2:18; Tt 3:4-6.
DEUS PAI E NOSSA CRIAÇÃO
DOMINGO 9
26. Em que você crê quando diz: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso,
Criador do céu e da terra”?
R. Creio que o eterno Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo criou, do nada, o céu, a terra e tudo o que neles há(1) e
ainda os sustenta e governa por seu eterno conselho e providência (2). Ele é
também meu Deus e meu Pai, por causa de seu Filho Cristo (3). NEle confio de
tal maneira, que não duvido que dará tudo o que for necessário para meu corpo e
minha alma (4); e que Ele transformará em bem todo mal que me enviar, nesta
vida conturbada (5). Tudo isto Ele pode fazer como Deus todo-poderoso (6) e
quer fazer como Pai fiel (7).
(1) Gn 1:1;
Gn 2:3; Êx 20:11; Jó 33:4; Jó 38:4-11; Sl 33:6; Is 40:26; At 4:24; At 14:15.
(2) Sl 104:2-5, 27-30; Sl 115:3; Mt 10:29, 30; Rm 11:36; Ef 1:11. (3) Jo 1:12;
Rm 8:15; Gl 4:5-7; Ef 1:5. (4) Sl 55:22; Mt 6:25, 26; Lc 12:22-24. (5) Rm 8:28. (6) Rm 8:37-39; Rm
10:12; Ap 1:8. (7) Mt 6:32,33; Mt 7:9-11.
DOMINGO 10
27. 0 que é a providência de Deus?
R. É a força Todo-Poderoso e presente
(1), com que Deus, pela sua mão, sustenta e governa o céu, a terra e todas as
criaturas (2). Assim, ervas e plantas, chuva e seca (3), anos frutíferos e
infrutíferos, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza e todas as
coisas (4) não nos sobrevêm por acaso, mas de sua mão paternal (5).
(1) Sl 94:9, 10;
Is 29:15, 16; Jr 23:23,24; Ez 8:12; Mt 17:27; At 17:25-28. (2) Hb 1:3. (3) Jr 5:24; At 14:17.
(4) Pv 22:2; Jo 9:3. (5) Pv 16:33; Mt 10:29.
28. Para que serve saber da criação e da providência de Deus?
R. Para que tenhamos paciência(1) em
toda adversidade e mostremos gratidão (2) em toda prosperidade e para que,
quanto ao futuro, tenhamos a firme confiança em nosso fiel Deus e Pai, de que
criatura alguma nos pode separar do amor dEle (3). Porque todas as criaturas
estão na mão de Deus, de tal maneira que sem a vontade dEle não podem agir nem
se mover (4).
(1) Jó 1:21, 22;
Sl 39:9; Rm
5:3, 4; Tg 1:3. (2) Dt 8:10; 1Ts 5:18. (3) Sl 55:22; Rm 5: 4,5; Rm 8:38,39.
(4) Jó 1:12; Jó 2:6; Pv 21:1; At 17:25-28.
DEUS FILHO E NOSSA SALVAÇÃO
DOMINGO 11
29. O nome “Jesus” significa “Salvador”. Por que o Filho de Deus tem
este nome?
R. Porque Ele nos salva de todos os
nossos pecados(1) e porque, em ninguém mais, devemos buscar ou podemos
encontrar salvação (2).
(1) Mt 1:21;
Hb 7:25. (2) Is 43:11; Jo 15:4, 5; At 4:11, 12; 1Tm 2:5; 1Jo 5:11,12.
30. Será que aqueles que buscam, o bem e a salvação nos assim chamados
“santos”, ou em si mesmos ou em qualquer lugar, realmente creem no único
Salvador?
R. Não, não creem, pois na prática
negam o único Salvador Jesus, ainda que falem tanto dEle(1). Pois das duas,
uma: ou Jesus não é o perfeito Salvador, ou aqueles que O aceitam como Salvador
com verdadeira fé, encontram nEle tudo o que é necessário para a salvação (2).
(1) 1Co 1:13,
30, 31; Gl 5:4. (2) Is 9:7; Jo 1:16; Cl 1:19, 20; Cl 2:10; Hb 12:2; 1Jo 1:7.
DOMINGO 12
31. O nome “Cristo” significa “Ungido”. Por que Jesus tem também este
nome?
R. Porque Ele foi ordenado por Deus
Pai e ungido (1) com o Espírito Santo para ser nosso supremo Profeta e Mestre,
nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei. Como Profeta Ele nos revelou
plenamente o plano de Deus para nossa salvaçao (2);
Como Sumo Sacerdote Ele nos resgatou
pelo único sacrifício de seu corpo (3) e, continuamente, intercede por nós
junto ao Pai (4);
Como Rei Ele nos governa por sua
Palavra e Espírito e nos protege e guarda na salvação (5) que Ele conquistou
para nós.
(1) Sl 45:7;
Is 61:1; Lc 4:18; At 10:38; Hb 1:9. (2) Dt 18:15; Is 55:4; Mt 11:27; Jo 1:18;
Jo 15:15; At 3:22. (3) Sl 110:4; Hb 7:21; Hb 9:12,14,28; Hb 10:12,14. (4) Rm
8:34; Hb 7:25; Hb 9:24; 1Jo 2:1. (5) Sl 2:6; Zc 9:9; Mt 21:5; Mt 28:18; Lc
1:33; Jo 10:28; Ap 12:10, 11.
32. Por que você e chamado cristão (1)?
R. Porque pela fé sou membro de
Cristo e, por isso, também sou ungido (2) para ser profeta, sacerdote e rei.
Como profeta confesso o nome dEle (3); Como sacerdote ofereço minha vida a Ele
como sacrifício vivo de gratidão (4) ; e como rei combato (5) , nesta vida, o
pecado e o diabo, de livre consciência, e depois, na vida eterna, vou reinar
com Ele sobre todas as criaturas (6).
(1) At 11:26.
(2) Is 59:21; Jl 2:28; At 2:17; 1Co 6:15; 1Jo 2:27. (3) Mt 10:32, 33; Rm 10:10.
(4) Êx 19:6; Rm 12:1; 1Pe 2:5; Ap 1:6; Ap 5:8,10. (5) Rm 6:12, 13; Gl 5:16, 17;
Ef 6:11; 1Tm 1:18,19; 1Pe 2:9,11. (6) 2Tm 2:12; Ap 22:5.
DOMINGO 13
33. Por que Cristo é chamado “o único Filho de Deus”, se nós também
somos filhos de Deus?
R. Porque só Cristo é, por natureza,
o Filho eterno de Deus(1). Nós, porém, somos filhos adotivos de Deus (2), pela
graça, por causa de Cristo.
(1) Jó 1:14,18; Jo 3:16; Rm 8:32; Hb
1:1,2; 1Jo 4:9. (2) Jo 1:12; Rm 8:15-17; Gl 4:6; Ef 1:5,6
34. Por que você chama Cristo “nosso Senhor”?
R. Porque Ele nos comprou e resgatou,
corpo e alma, dos nossos pecados e de todo o domínio do diabo, não com ouro ou
prata, mas com seu precioso sangue. Assim pertencemos a Ele(1).
(1) Jo 20:28; 1Co 6:20; 1Co 7:23; Ef
1:7; 1Tm 2:6; 1Pe 1:18,19; 1Pe 2:9.
DOMINGO 14
35. 0 que você entende, quando diz que Cristo “foi concebido pelo
Espírito Santo e nasceu da virgem Maria”?
R. Entendo que o eterno Filho de
Deus, que é e permanece verdadeiro e eterno Deus(1), tornou-se verdadeiro homem
(2), da carne e do sangue da virgem Maria (3), por obra do Espírito Santo.
Assim Ele é, de fato, o descendente de Davi (4) igual a seus irmãos em tudo,
mas sem pecado (5).
(1) Mt 1:23; Mt 3:17; Mt 16:16; Mt
17:5; Mc 1:11; Jo 1:1 Jo 17:3,5; Jo 20:28; Rm 1:3,4; Rm 9:5; Fp 2:6; Cl
1:15,16; Tt 2:13; Hb 1:3; 1Jo 5:20. (2) Mt 1:18, 20; Lc 1:35.
(3) Lc 1:31, 42, 43; Jo 1:14; Gl 4:4. (4) 2Sm 7:12; Sl 132:11; Mt 1:1; Lc 1:32;
At 2:30, 31; Rm 1:3. (5) Fp 2:7; Hb 2:14,17; Hb 4:15; Hb 7:26,27.
36. Que importância tem para você Cristo ter sido concebido e nascido
sem pecado?
R. Que Ele e nosso Mediador(1) e com
sua inocência e perfeita santidade, cobre diante de Deus meu pecado (2) no qual
fui concebido e nascido.
(1) Hb
2:16-18; Hb 7:26, 27. (2) Sl 32:1; Is 53:11; Rm 8:3, 4; 1Co 1:30, 31; Gl 4:4, 5;
1Pe 1:18,19; 1Pe 3:18.
DOMINGO 15
37 O que você quer dizer com a palavra “padeceu”?
R. Que Cristo, em corpo e alma,
durante toda a sua vida na terra, mas principalmente no final, suportou a ira
de Deus contra os pecados de todo o gênero humano(1). Por este sofrimento, como
o único sacrifício propiciatório (2) Ele salvou, da condenação eterna de Deus,
nosso corpo e alma (3) e conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a
vida eterna (4).
(1) Is 53:4, 12;
1Tm 2:6; 1Pe 2:24; 1Pe 3:18. (2) Is 53:10; Rm 3:25; 1Co 5:7; Ef 5:2; Hb 9:28;
Hb 10:14; 1Jo 2:2; 1Jo 4:10. (3) Gl 3:13; Cl 1:13; Hb 9:12; 1Pe 1:18,19. (4) Jo 3:16; Jo 6:51; 2Co
5:21; Hb 9:15; Hb 10:19.
38. Por que Ele padeceu “sob Pôncio Pilatos”?
R. Cristo, embora julgado inocente,
foi condenado pelo juiz oficial (1), para que nos libertasse do severo juízo de
Deus que devia cair sobre nós (2).
(1) Mt 27:24; Lc 23:13-15; Jo 18:38;
Jo 19:4; Jo 19:11. (2) Is 53:4,5; 2Co 5:21; Gl 3:13.
39. Cristo “foi crucificado”. Isto tem mais sentido do que morrer de
outra maneira?
R. Tem sim, porque pela crucificação
tenho certeza de que Ele tomou sobre si (1) a maldição que pesava sobre mim.
Pois a morte da cruz era maldita por Deus (2).
(1) Gl 3:13. (2) Dt 21:23.
DOMINGO 16
40. Por que Cristo devia sofrer a morte?
R. Porque a justiça e a verdade de
Deus(1) exigiam a morte do Filho de Deus; não houve outro meio de pagar nossos
pecados (2).
(1) Gn 2:17. (2) Rm 8:3,4; Fp 2:8; Hb
2:9, 14, 15.
41. Por que Ele foi “sepultado”?
R. Para dar testemunho de que estava
realmente morto(1).
(1) Mt 27:59,
60; Lc 23:53; Jo 19:40-42; At 13:29; 1Co 15:3, 4.
42. Se Cristo morreu por nós, por que devemos nós morrer também?
R. Nossa morte não é para pagar nossos
pecados(1), mas somente significa que morremos para o pecado e que passamos
para a vida eterna (2).
(1) Mc 8:37. (2) Jo 5:24; Rm 7:24,25;
Fp 1:23.
43. Que importância tem, para nós, o sacrifício e a morte de Cristo na
cruz?
R. Pelo poder de Cristo, nosso velho
homem é crucificado, morto e sepultado com Ele(1), para que os maus desejos da
carne não mais nos dominem (2), mas que nos ofereçamos a Ele, como sacrifício
de gratidão (3).
(1) Rm 6:6. (2) Rm 6:8,11,12. (3) Rm
12:1.
44. Por que se acrescenta: “desceu ao inferno”?
R. Porque meu Senhor Jesus Cristo
sofreu, principalmente na cruz inexprimíveis angústias, dores e terrores(1).
Por isso, até nas minhas mais duras tentações, tenho a certeza de que Ele me
libertou da angústia e do tormento do inferno (2).
(1) Mt 26:38;
Mt 27:46; Hb 5:7. (2) Is 53:5.
DOMINGO 17
45. Que importância tem, para nós, a ressurreição de Cristo?
R. Primeiro: pela ressurreição, Ele
venceu a morte, para que nós pudéssemos participar da justiça, que Ele
conquistou por sua morte (1). Segundo: nos também, por seu poder, somos
ressuscitados para a nova vida (2). Terceiro: a ressurreição de Cristo é uma
garantia de nossa ressurreição em glória (3).
(1) Rm 4:25;
1Co 15:16-18; 1Pe 1:3. (2) Rm 6:4; Cl 3:1-3; Ef 2:4-6; (3) Rm 8:11; 1Co
15:20-22.
DOMINGO 18
46. 0 que você quer dizer com as palavras: “subiu ao céu”?
R. Que Cristo, à vista de seus
discípulos, foi elevado da terra ao céu(1) e lá está para nosso bem (2), até
que volte para julgar os vivos e os mortos (3).
(1) Mt 16:19;
Lc 24:51; At 1:9. (2) Rm 8:34; Ef 4:10; Cl 3:1; Hb 4:14; Hb 7:24, 25; Hb 9:24. (3) Mt 24:30; At 1:11.
47. Cristo, então, não está conosco até o fim do mundo, como nos
prometeu(1)?
R. Cristo é verdadeiro homem e
verdadeiro Deus. Segundo sua natureza humana não está agora na terra (2) , mas
segundo sua divindade, majestade, graça e Espirito jamais se afasta de nós (3).
(1) Mt 28:20.
(2) Mt 26:11; Jo 16:28; Jo 17:11; At 3:21; Hb 8:4. (3) Mt 28:20; Jo 14:16-18; Jo 16:13;
Ef 4:8.
48. Mas se a natureza humana não está em todo lugar onde a natureza
divina está, as duas naturezas de Cristo não são separadas uma da outra?
R. De maneira nenhuma; a natureza
divina de Cristo não pode ser limitada e está presente em todo lugar. Por isso,
podemos concluir que a natureza divina dEle está na sua natureza humana e
permanece pessoalmente unida a ela, embora também esteja fora dela (2).
(1) Is 66:1;
Jr 23:23, 24; At 7:49; At 17:27, 28. (2) Mt 28:6; Jo 3:13; Jo 11:15; Cl 2:8.
49. Que importância tem, para nós, a ascensão de Cristo?
R. Primeiro: Ele é, no céu, nosso
Advogado junto a seu Pai(1). Segundo: em Cristo temos nossa carne no céu, como
garantia segura de que Ele, como nosso Cabeça, também nos levará para si, como
seus membros (2). Terceiro: Ele nos envia seu Espírito, como garantia (3), pelo
poder do Espírito buscamos as coisas que são do alto, onde Cristo está sentado
à direita de Deus, e não as coisas que são da terra (4).
(1) Rm 8:34; 1Jo 2:1. (2) Jo 14:2,3;
Jo 17:24; Ef 2:6. (3) Jo 14:16; Jo 16:7; At 2:33; 2Co 1:22; 2Co 5:5. (4) Fp 3:20; Cl 3:1.
DOMINGO 19
50. Por que se acrescenta: “e está sentado à direita de Deus”?
R. Porque Cristo subiu ao céu para
manifestar-se, lá mesmo, como o Cabeça de sua igreja cristã(1) e para governar
tudo em nome de seu Pai (2).
(1) Ef 1:20-23; Cl 1:18. (2) Mt
28:18; Jo 5:22.
51. Que importância tem, para nós, essa glória de Cristo, nosso Cabeça?
R. Primeiro: por seu Espírito Santo,
Ele derrama sobre nós, seus membros, os dons celestiais(1). Segundo: Ele nos
defende e protege, por seu poder, contra todos os inimigos (2).
(1) At 2:33;
Ef 4:8, 10-12. (2) Sl 2:9; Sl 110:1, 2; Jo 10:28; Ef 4:8; Ap 12:5.
52. Que consolo traz a você a volta de Cristo “para julgar os vivos e os
mortos”?
R. Que, em toda miséria e
perseguição, espero, de cabeça erguida, o Juiz que vem do céu, a saber: o
Cristo que antes se apresentou em meu lugar ao tribunal de Deus e tirou de mim
toda a maldição (1).
Ele lançará, na condenação eterna, todos
os seus e meus inimigos (2), mas Ele me levará para si mesmo, com todos os
eleitos na alegria e glória celestiais (3).
(1) Lc 21:28;
Rm 8:23, 24; Fp 3:20; 1Ts 4:16; Tt 2:13. (2) Mt 25:41-43; 2Ts 1:6,8,9. (3) Mt 25:34-36; 2Ts 1:7,10.
DEUS ESPÍRITO SANTO E NOSSA SANTIFICAÇÃO
DOMINGO 20
53. 0 que você crê sobre o Espírito Santo?
R. Primeiro: creio que Ele é
verdadeiro e eterno Deus com o Pai e o Filho (1). Segundo: que Ele foi dado
também a mim (2). Por uma verdadeira fé, Ele me torna participante de Cristo e
de todos os seus benefícios (3). Ele me fortalece (4) e fica comigo para sempre
(4).
(1) Gn 1:2; At 5:3,4; 1Co 2:10; 1Co
3:16; 1Co 6:19. (2) Mt 28:19; 2Co 1:21, 22 Gl 3:14; Gl 4:6; Ef
1:13. (3) Jo 16:14; 1Co
2:12; 1Pe 1:2. (4) Jo 15:26; At 9:31. (5) Jo 14:16,17; 1Pe 4:14.
DOMINGO 21
54. O que você crê sobre “a santa igreja universal de Cristo”?
R. Creio que o Filho de Deus (1)
reúne, protege e conserva (2), dentre todo o gênero humano (3) , sua comunidade
(4) eleita para a vida eterna (5). Isto Ele fez por seu Espírito e sua Palavra
(6), na unidade da verdadeira fe (7), desde o princípio do mundo até o fim (8).
Creio que sou membro vivo (9) dessa igreja, agora e para semprel0).
(1) Jo 10:11;
Ef 4:11-13; Ef 5:25, 26. (2) Sl 129:4, 5; Mt 16:18; Jo 10:16, 28. (3) Gn 26:4;
Is 49:6; Rm 10:12, 13; Ap 5:9. (4) Sl 111:1; At 20:28; Hb 12:22, 23. (5) Rm
8:29, 30; Ef 1:10-14; 1Pe 2:9. (6) Is 59:21; Rm 1:16; Rm 10:14-17; Ef 5:26. (7)
Jo 17:21; At 2:42; Ef 40:3-6; 1Tm 3:15. (8) Is 59:21; 1Cor 11:26 (9) Rm 8:10;
1Jo 3:14, 19-21. (10) Sl 23:6; Jo
10:28; Rm 8:35-39; 1Co 1:8,9; 1Pe 1:5; 1Jo 2:19.
55. Como você entende as palavras: “a comunhão dos santos”?
R. Primeiro: entendo que todos os
crentes, juntos e cada um por si, têm, como membros, comunhão com Cristo, o
Senhor, e todos os seus ricos dons (1). Segundo: que todos devem sentir-se
obrigados a usar seus dons com vontade e alegria para o bem dos outros membros
(2).
(1) Rm 8:32;
1Co 6:17; 1Co 12:12, 13; 1Jo 1:3. (2) 1Co 12:21; 1Co 13:1-7; Fp 2:2-5.
56. 0 que você crê sobre “a remissão dos pecados”?
R. Creio que Deus, por causa da
satisfação em Cristo, jamais quer lembrar-se de meus pecados (1) e de minha
natureza pecaminosa (2), que devo combater durante toda a minha vida. Mas Ele
me dá a justiça de Cristo (3), pela graça, e assim nunca mais serei condenado
por Deus (4).
(1) Sl 103:3,
10, 12; Jr 31:34; Mq 7:19; 2Co 5:19. (2) Rm 7:23-25. (3) 2Co 5:21; 1Jo 1:7; 1Jo 2:1,2. (4)
Jo 3:18; Jo 5:24.
DOMINGO 22
57. Que consolo traz a você “a ressurreição da carne”?
R. Meu consolo é que depois desta
vida minha alma será imediatamente elevada para Cristo, seu Cabeça (1). E que
também está minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo, será unida
novamente à minha alma e se tornará semelhante ao corpo glorioso de Cristo (2).
(1) Lc 16:22;
Lc 20:37, 38; Lc 23:43; Fp 1:21, 23; Ap 14:13. (2) Jó 19:25-27; 1Co 15:53,54; Fp 3:21; 1Jo 3:2.
58. Que consolo traz a você o artigo
sobre a vida eterna?
R. Meu consolo é que, como já percebo
no meu coração o início da alegria eterna (1), depois desta vida terei a
salvação perfeita. Esta salvação nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido ouviu e
jamais surgiu no coração de alguém. Então louvarei a Deus eternamente (2).
(1) Jo 17 3; 2Co 5:2,3. (2) Jo 17:24;
1Co 2:9.
A JUSTIFICAÇÃO
DOMINGO 23
59. Mas que proveito tem sua fé no Evangelho?
R. O proveito é que sou justo perante
Deus, em Cristo, e herdeiro da vida eterna (1).
(1) Hc 2:4; Jo 3:36; Rm 1:17.
60. Como você é justo perante Deus?
R. Somente por verdadeira fé em Jesus
Cristo (1).
Mesmo que minha consciência me acuse
de ter pecado gravemente contra todos os mandamentos de Deus, e de não ter
guardado nenhum deles, e de ser ainda inclinado a todo mal (2), todavia Deus me
dá, sem nenhum mérito meu, por pura graça (3), a perfeita satisfação, a justiça
e a santidade de Cristo (4). Deus me trata (5) como se eu nunca tivesse
cometido pecado algum ou jamais tivesse sido pecador; e, como se pessoalmente
eu tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim (6). Este
benefício é meu somente se eu o aceitar por fé, de todo o coração (7).
(1) Rm
3:21-26; Rm 5:1, 2; Gl 2:16; Ef 2:8,9; Fp 3:9. (2) Rm 3:9; Rm 7:23. (3) Dt 9:6;
Ez 36:22; Rm 3:24; Rm 7:23-25; Ef 2:8; Tt 3:5. (4) 1Jo 2:1,2. (5) Rm 4:4-8; 2Co 5:19. (6) 2Co
5:21. (7) Jo 3:18; Rm 3:22.
61. Por que você diz que é justo somente pela fé?
R. Eu o digo não porque sou agradável
a Deus graças ao valor da minha fé, mas porque somente a satisfação por Cristo
e a justiça e santidade dEle me justificam perante Deus (1). Somente pela fé
posso aceitar e possuir esta justificação (2).
(1) 1Co 1:30; 1Co 2:2. (2) 1Jo 5:10.
DOMINGO 24
62. Mas por que nossas boas obras não nos podem justificar perante Deus,
pelo menos em parte?
R. Porque a justiça que pode
subsistir perante o juízo de Deus deve ser absolutamente perfeita e
completamente conforme a lei de Deus (1). Entretanto, nesta vida, todas as
nossas obras, até as melhores, são imperfeitas e manchadas por pecados (2).
(1) Dt 27:26; Gl 3:10. (2) Is 64:6.
63. Nossas boas obras, então, não têm mérito? Deus não promete
recompensá-las, nesta vida e na futura?
R. Essa recompensa não nos é dada por
mérito, mas por graça (1).
(1) Lc 17:10.
64. Mas essa doutrina não faz com que os homens se tornem descuidosos e
ímpios?
R. Não, pois é impossível que aqueles
que estão implantados em Cristo, por verdadeira fé, deixem de produzir frutos
de gratidão (1).
(1) Mt 7:18; Jo 15:5.
A PALAVRA E OS SACRAMENTOS
DOMINGO 25
65. Visto que somente a fé nos faz participar de Cristo e de todos os
seus benefícios, de onde vem esta fé?
R. Vem do Espírito Santo (1) que a
produz em nossos corações pela pregação do Evangelho (2), e a fortalece pelo
uso dos sacramentos (3).
(1) Jo 3:5;
1Co 2:12; 1Co 12:3; Ef 1:17, 18; Ef 2:8; Fp 1:29. (2) At 16:14; Rm 10:17; 1Pe 1:23. (3)
Mt 28:19.
66. Que são sacramentos?
R. São visíveis e santos sinais e
selos. Deus os instituiu para nos fazer compreender melhor e para garantir a
promessa do Evangelho, pelo uso deles. Essa promessa é que Deus nos dá, de
graça, o perdão dos pecados e a vida eterna, por causa do único sacrifício de
Cristo na cruz (1).
(1) Gn 17:11;
Lv 6:25; Dt 30:6; Is 6:6,7; Is 54:9; Ez 20:12; Rm 4:11; Hb 9:7,9; Hb 9:24.
67. Então, tanto a Palavra como os sacramentos têm a finalidade de
apontar nossa fé para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz, como o único
fundamento de nossa salvação (1)?
R. Sim, pois o Espírito Santo ensina
no Evangelho e confirma pelos sacramentos que toda a nossa salvação está
baseada no único sacrifício de Cristo na cruz.
(1) Rm 6:3; Gl 3:27.
68. Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova aliança?
R. Dois: o santo batismo e a santa
ceia.
O SANTO BATISMO
DOMINGO 26
69. Como o batismo ensina e garante a você que o único sacrifício de
Cristo na cruz é para seu bem?
R. Cristo instituiu essa lavagem com
água (1) e acrescentou a promessa de lavar, com seu sangue e Espírito, a
impureza da minha alma (isto é, todos os meus pecados) (2) tão certo como por
fora fico limpo com a água que tira a sujeira do corpo.
(1) Mt 28:19.
(2) Mt 3:11; Mc 1:4; Mc 16:16; Lc 3:3; Jo 1:33; At 2:38; Rm 6:3,4; 1Pe 3:21.
70. 0 que significa ser lavado com o sangue e o Espírito de Cristo?
R. Significa receber perdão dos
pecados, pela graça de Deus, por causa do sangue de Cristo, que Ele derramou
por nós, em seu sacrifício na cruz (1). Significa também ser renovado pelo
Espírito Santo e santificado para ser membro de Cristo. Assim morremos mais e
mais para o pecado e levamos uma vida santa e irrepreensível (2).
(1) Ez 36:25;
Zc 13:1; Hb 12:24; 1Pe 1:2; Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Ez 36:26, 27; Jo 1:33; Jo 3:5;
Rm 6:4; 1Co 6:11; 1Co 12:13; Cl 2:11,12.
71. Onde Cristo prometeu lavar-nos com seu sangue e seu Espírito, tão
certo como somos lavados com a água do batismo?
R. Na instituição do batismo, onde
Ele diz: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em
nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). “Quem crer e for
batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16:16). Esta
promessa se repete também onde a Escritura chama o batismo de “lavagem da
regeneração” (Tito 3:5) e de “purificação dos pecados” (Atos 22:16).
DOMINGO 27
72. Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
R. Não (1), pois somente o sangue de
Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados (2).
(1) Mt 3:11;
Ef 5:26; 1Pe 3:21. (2) 1Co 6:11; 1Jo 1:7.
73. Por que, então, o Espírito Santo chama o batismo “lavagem da
regeneração” e “purificação dos pecados”?
R. É por motivo muito sério que Deus
fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo sangue e
Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água (1). E,
ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que somos
lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo fica
limpo com água (2).
(1) 1Co 6:11;
Ap 1:5; Ap 7:14. (2) Mt 16:16; Gl 3:27.
74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
R. Devem, sim, porque tanto as
crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua igreja (1). Também
a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do
pecado e o Espírito Santo que produz a fé (2).
Por isso, as crianças, pelo batismo
como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas
dos filhos dos incrédulos (3). Na época do Antigo Testamento se fazia isto pela
circuncisão (4). No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da
circuncisão (5).
(1) Gn 17:7.
(2) Sl 22:10; Is 44:1-3; Mt 19:14; At 2:39. (3) At 10:47. (4) Gn 17:14. (5) Cl 2:11,12.
A SANTA CEIA
DOMINGO 28
75. Como a santa ceia ensina e garante que você tem parte no único
sacrifício de Cristo na cruz e em todos os seus benefícios?
R. Da seguinte maneira: Cristo me
mandou, assim como a todos os fiéis, comer do pão partido e beber do cálice, em
sua memória. E Ele acrescentou esta promessa: Primeiro, que, por mim, seu corpo
foi sacrificado na cruz e que, por mim, seu sangue foi derramado, tão certo
como vejo com meus olhos que o pão do Senhor é partido para mim e o cálice me é
dado. Segundo, que Ele mesmo alimenta e sacia minha alma para a vida eterna com
seu corpo crucificado e seu sangue derramado, tão certo como recebo da mão do
ministro e tomo com minha boca o pão e o cálice do Senhor. Eles são sinais
seguros do corpo e do sangue de Cristo (1).
(1) Mt
26:26-28; Mc 14:22-24; Lc 22:19, 20; 1Co 10:16,17; 1Co 11:23-25.
76. 0 que significa comer o corpo crucificado de Cristo e beber seu
sangue derramado?
R. Significa aceitar com verdadeira
fé todo o sofrimento e morte de Cristo e assim receber o perdão dos pecados e a
vida eterna (1). Significa também ser unido cada vez mais ao santo corpo de
Cristo (2), pelo Espírito Santo que habita tanto nEle como em nós. Assim somos
carne de sua carne e osso de seus ossos (3) mesmo que Cristo esteja no céu (4)
e nós na terra; e vivemos eternamente e somos governados por um só Espírito,
como os membros do nosso corpo o são por uma só alma (5).
(1) Jo 6:35,40,47-54. (2) Jo 6:55,56.
(3) Jo 14:23; 1Co 6:15,17,19; Ef 3:16,17; Ef 5:29,30; 1Jo 3:24; 1Jo 4:13. (4)
At 1:9,11; At 3:21; 1Co 11:26; Cl 3:1. (5) Jo 6:57; Jo 15:1-6; Ef 4:15, 16.
77. Onde Cristo prometeu alimentar e saciar os fiéis com seu corpo e seu
sangue, tão certo como eles comem do pão partido e bebem do cálice?
R. Nas palavras da instituição da
ceia, que são: ”O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e,
tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós;
fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou
também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes
que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que
ele venha” (1Coríntios 11:23-2 (6). O apóstolo Paulo já se tinha referido a
esta promessa, dizendo: “Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é a
comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de
Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque
todos participamos do único pão” (1Coríntios 10:16,1) (7).
(1) Mt 26:26-28; Mc 14:22-24; Lc
22-19, 20.
DOMINGO 29
78. Pão e vinho, então, se transformam no próprio corpo e sangue de
Cristo?
R. Não (1). Neste ponto há igualdade
entre o batismo e a ceia. A água do batismo não se transforma no sangue de
Cristo, nem tira os pecados. Ela é somente um sinal divino e uma garantia disto
(2). Igualmente o pão da santa ceia não se transforma no próprio corpo de
Cristo (3), mesmo que seja chamado “corpo de Cristo”, conforme a natureza e o
uso dos sacramentos (4).
(1) Mt 26:29.
(2) Ef 5:26; Tt 3:5. (3) 1Co 10:16; 1Co 11:26. (4) Gn 17:10, 11; Êx 12: 11,13;
Êx 12:26,27; Êx 13:9; Êx 24:8; At 22:16; 1Co 10:1-4; 1Pe 3:21.
79. Por que, então, Cristo chama o pão “seu corpo” e o cálice “seu
sangue” ou “a nova aliança em seu sangue”, e por que Paulo fala sobre “a
comunhão do corpo e do sangue de Cristo”?
R. É por motivo muito sério que
Cristo fala assim. Ele nos quer ensinar que seu corpo crucificado e seu sangue
derramado são o verdadeiro alimento e bebida de nossas almas para a vida
eterna, assim como pão e vinho mantêm a vida temporária (1). E, ainda mais, Ele
nos quer assegurar por estes visíveis sinais e garantias, primeiro: que
participamos de seu corpo e sangue, pela obra do Espírito Santo, tão realmente
como recebemos com nossa própria boca estes santos sinais, em memória dEle (2);
e segundo: que todo o seu sofrimento e obediência são nossos, tão certo, como
se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago por nossos pecados.
(1) Jo 6:51,53-55. (2) 1Co 10:16.
DOMINGO 30
80. Que diferença há entre a ceia do Senhor e a missa do papa?
R. A ceia do Senhor nos testemunha
que temos completo perdão de todos os nossos pecados, pelo único sacrifício de
Jesus Cristo, que Ele mesmo, uma única vez, realizou na cruz (1); e também que,
pelo Espírito Santo, somos incorporados a Cristo, que agora, com seu verdadeiro
corpo, não está na terra mas no céu, à direita do Pai (3) e lá quer ser adorado
por nós (4). A missa, porém, ensina que Cristo deve ser sacrificado todo dia,
pelos sacerdotes na missa, em favor dos vivos e dos mortos, e que estes, sem a
missa, não têm perdão dos pecados pelo sofrimento de Cristo; e também, que
Cristo está corporalmente presente sob a forma de pão e vinho e, por isso,
neles deve ser adorado. A missa, então, no fundo, não é outra coisa senão a
negação do único sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável
(5).
(1) Mt 26:28;
Lc 22:19, 20; Jo 19:30; Hb 7:26, 27; Hb 9:12; Hb 9:25-28; Hb 10:10,12,14. (2)
1Co 6:17; 1Co 10:16, 17. (3) Jo 20:17; Cl 3:1; Hb 1:3; Hb 8:1, 2. (4) At 7:55, 56;
Fp 3:20; Cl 3:1; 1Ts 1:10. (5) Hb 9:26; Hb 10:12,14.
81. Quem deve vir a santa ceia?
R. Aqueles que se aborrecem de si
mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam que estes lhes foram perdoados
por amor de Cristo e que, também, as demais fraquezas são cobertas por seu
sofrimento e sua morte; e que desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e
corrigir-se na vida. Mas os pecadores impenitentes e os hipócritas comem e
bebem para sua própria condenação (1).
(1) 1Co 10:19-22; 1Co 11:28,29.
82. Podem vir a essa ceia também aqueles que, por sua confissão e vida,
se mostram incrédulos e ímpios?
R. Não, porque assim é profanada a
aliança de Deus e é provocada sua ira sobre toda a congregação (1). Por isso, a
igreja cristã tem a obrigação, conforme o mandamento de Cristo e de seus
apóstolos, de excluir tais pessoas, pelas chaves do reino dos céus, até que
demonstrem arrependimento.
(1) Sl 50:16;
Is 1:11-15; Is 66:3; Jr 7:21-23; 1Co 11:20, 34.
DOMINGO 31
83. Que são as chaves do reino dos céus?
R. A pregação do santo Evangelho e a
disciplina cristã. É por estes dois meios que o reino dos céus se abre para
aqueles que creem e se fecha para aqueles que não creem (1).
(1) Mt 16:18,19; Mt 18:15-18.
84. Como se abre e se fecha o reino dos céus pela pregação do santo
Evangelho?
R. Conforme o mandamento de Cristo,
se proclama e testifica aos crentes, a todos juntos e a cada um deles, que
todos os seus pecados realmente lhes são perdoados por Deus, pelo mérito de
Cristo, sempre que aceitam a promessa do Evangelho com verdadeira fé. Mas a
todos os incrédulos e hipócritas se proclama e testifica que a ira de Deus e a
condenação permanecem sobre eles, enquanto não se converterem (1). Segundo este
testemunho do Evangelho Deus julgará todos, nesta vida e na futura.
(1) Mt 16:19; Jo 20:21-23.
85. Como se fecha e se abre o reino dos céus pela disciplina cristã?
R. Conforme o mandamento de Cristo,
aqueles que, com o nome de cristãos, se comportam na doutrina ou na vida como
não-cristãos, são fraternalmente advertidos, repetidas vezes. Se não querem
abandonar seus erros ou maldades, são denunciados à igreja e aos que, pela igreja,
foram ordenados para este fim. Se não dão atenção nem a admoestação destes, não
são mais admitidos aos sacramentos e, assim, excluídos da congregação de
Cristo, e, pelo próprio Deus, do reino de Cristo. Eles voltam a ser recebidos
como membros de Cristo e da sua igreja, quando realmente prometem e demonstram
verdadeiro arrependimento (1).
(1) Mt
18:15-18; 1Co 5:3-5, 11; 2Co 2:6-8; 2Ts 3:14,15; 1Tm 5:20; 2Jo :10,11.
PART 3: NOSSA GRATIDÃO
DOMINGO 32
86. Visto que fomos libertados de nossa miséria, por Cristo, sem mérito
algum de nossa parte, somente pela graça, por que ainda devemos fazer boas
obras?
R. Primeiro: porque Cristo não
somente nos comprou e libertou com seu sangue, mas também nos renova, à sua
imagem, por seu Espírito Santo, para que mostremos, com toda a nossa vida, que
somos gratos a Deus por seus benefícios (1), e para que Ele seja louvado por
nós (2). Segundo: para que, pelos frutos da fé, tenhamos a certeza de que nossa
fé é verdadeira (3) e para que ganhemos nosso próximo para Cristo, pela vida
cristã que levamos (4).
(1) Rm 6:13;
Rm 12:1, 2; 1Co 6:20; 1Pe 2:5, 9. (2) Mt 5:16; 1Pe 2:12. (3) Mt 7:17,18; Gl 5:6, 22; 2Pe 1:10.
(4) Mt 5:16; Rm 14:18,19; 1Pe 3:1,2.
87. Não podem ser salvos, então, aqueles que continuam vivendo sem Deus
e sem gratidão e não se convertem a Ele?
R. De maneira alguma, porque a
Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado,
maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino de Deus (1).
(1) 1Co 6:9,10; Ef 5:5,6; 1Jo
3:14,15.
DOMINGO 33
88. Quantas partes há na verdadeira conversão do homem?
R. Duas: a morte do velho homem e o
nascimento do novo homem (1).
(1) Rm 6:4-6;
1Co 5:7; 2Co 7:10; Ef 4:22-24; Cl 3:5-10.
89. 0 que é a morte do velho homem?
R. É a profunda tristeza por causa
dos pecados e a vontade de odiá-los e evitá-los, cada vez mais (1).
(1) Jl 2:13; Rm 8:13.
90. 0 que é o nascimento do novo homem?
R. É a alegria sincera em Deus, por
Cristo (1), e o forte desejo de viver conforme a vontade de Deus em todas as
boas obras (2).
(1) Is 57:15;
Rm 5:1, 2; Rm 14:17. (2) Rm 6:10, 11; Gl 2:19, 20.
91. Que são boas obras?
R. São somente aquelas que são feitas
com verdadeira fé (1) conforme a lei de Deus (2) e para sua glória (5); não são
aquelas que se baseiam em nossa própria opinião ou em tradições humanas (4).
(1) Rm 14:23.
(2) Lv 18:4; 1Sm 15:22; Ef 2:10. (3) 1Co 10:31. (4) Is 29:13,14; Ez 20:18,19; Mt 15:7-9.
OS DEZ MANDAMENTOS
DOMINGO 34
92. Que diz a lei do SENHOR?
R. Deus falou todas estas palavras
(Êxodo 20:1-17; Deuteronômio 5:6-2 (1):
“Eu sou o SENHOR teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão. ”
Primeiro mandamento: “Não terás outros deuses diante de
mim. ”
Segundo mandamento: “Não farás para ti imagem de
escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na
terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto;
porque eu sou o SENHOR teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais
nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem, e faço misericórdia
até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. ”
Terceiro mandamento: “Não tomarás o nome do SENHOR teu
Deus em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar seu nome em vão.
”
Quarto mandamento: “Lembra-te do dia
de descanso, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem
tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu
animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro; porque em seis dias fez o
SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia
descansou: por isso o SENHOR abençoou o dia de sábado, e o santificou. ”
Quinto mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe, para
que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá. ”
Sexto mandamento: “Não matarás. ”
Sétimo mandamento: “Não adulterarás. ”
Oitavo mandamento: “Não furtarás. ”
Nono mandamento: “Não dirás falso testemunho contra
o teu próximo. ”
Décimo mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo.
Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo”.
93. Como se dividem estes Dez Mandamentos?
R. Em duas partes (1). A primeira nos
ensina, em quatro mandamentos, como devemos viver diante de Deus; a segunda nos
ensina, em seis mandamentos, as nossas obrigações para com nosso próximo (2).
(1) Êx 31:18; Dt 4:13; Dt 10:3,4. (2)
Mt 22:37-40.
94. 0 que Deus ordena no primeiro mandamento?
R. Primeiro: para não perder minha
salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria (1), feitiçaria, adivinhação e
superstição (2). Também não posso invocar os santos ou outras criaturas (3).
Segundo: devo reconhecer devidamente o único e verdadeiro Deus (4), confiar
somente nEle (5), me submeter somente a Ele (6) com toda humildade (7) e
paciência. Devo amar (8), temer (9) e honrarl0) a Deus de todo o coração, e
esperar todo o bem somente dElel (1). Em resumo, devo renunciar a todas as
criaturas e não fazer a menor coisa contra a vontade de Deus (2).
(1) 1Co 6:10;
1Co 10:7, 14; 1Jo 5:21. (2) Lv 19:31; Dt 18:9-12. (3) Mt 4:10; Ap 19:10; Ap
22:8, 9. (4) Jo 17:3. (5) Jr 17:5,7. (6) Rm 5:3-5; 1Co 10:10; Fp 2:14; Cl 1:11;
Hb 10:36. (7) 1Pe 5:5. (8) Dt 6:5; Mt 22:37, 38. (9) Dt 6:2; Sl 111:10; Pv 1:7;
Pv 9:10; Mt 10:28. (10) Dt 10:20; Mt 4:10. 1 (1) Sl 104:27-30; Is 45:7; Tg
1:17. 1 (2) Mt 5:29, 30; Mt 10:37-39; At 5:29.
95. Que é idolatria?
R. Idolatria é inventar ou ter alguma
coisa em que se deposite confiança, em lugar ou ao lado do único e verdadeiro
Deus, que se revelou em sua Palavra (1).
(1) 1Cr
16:26; Is 44:16, 17; Jo 5:23; Gl 4:8; Ef 2:12; Ef 5:5; Fp 3:19; 1Jo 2:23; 2Jo 9.
DOMINGO 35
96. 0 que Deus exige no segundo mandamento?
R. Não podemos, de maneira alguma,
representar Deus por imagem ou figura (1). Devemos adorá-Lo somente da maneira
que Ele ordenou em sua palavra (2).
(1) Dt 4:15, 16;
Is 40:18,19, 25; At 17:29; Rm 1:23-25. (2) Dt 12:30-32; lSm 15:23; Mt 15:9.
97. Não se pode fazer imagem alguma?
R. Não se pode nem deve fazer nenhuma
imagem de Deus. As criaturas podem ser representadas, mas Deus nos proíbe fazer
ou ter imagens delas para adorá-las ou para servir a Deus por meio delas (1).
(1) Êx 34:13,
14, 17; Dt 12:3, 4; Dt 16:22; 2Rs 18:4 Is 40:25.
98. Mas não podem ser toleradas as imagens nas igrejas como ‘livros para
ignorantes’?
R. Não, porque não devemos ser mais
sábios do que Deus. Ele não quer ensinar a seu povo por meio de ídolos mudos
(1), mas pela pregação viva de sua Palavra (2).
(1) Jr 10:5, 8;
Hc 2:18, 19. (2) Rm 10:14-17; 2Tm 3:16, 17; 2Pe 1:19.
DOMINGO 36
99. 0 que Deus exige no terceiro mandamento?
R. Não devemos blasfemar ou profanar
o santo nome de Deus por maldições (1) ou juramentos falsos (2) nem por juramentos
desnecessários (3). Também não devemos tomar parte em pecados tão horríveis,
ficando calados quando os ouvimos (4). Em resumo, devemos usar o santo nome de
Deus somente com temor e reverencia (5) a fim de que Ele, por nós, seja
devidamente confessado (6), invocado (7) e glorificado por todas as nossas
palavras e obras (8).
(1) Lv 24:15,
16. (2) Lv 19:12. (3) Mt 5:37; Tg 5:12. (4) Lv 5:1; Pv 29:24. (5) Is 45:23; Jr 4:2. (6) Mt 10:32;
Rm 10:9,10. (7) Sl 50:15; 1Tm 2:8. (8) Rm 2:24; Cl 3:17; lTm 6:1.
100. Será que blasfemar o nome de Deus por juramentos e maldições é um
pecado tão grande, que Deus se ira também contra aqueles que não se esforçam
para impedir e proibir tal coisa?
R. Claro que sim, pois não há pecado
maior ou que mais provoque a ira de Deus do que blasfemar seu nome. Por isso,
Ele mandava castigar este pecado com a pena da morte (1).
(1) Lv 24:16; Ef 5:11.
DOMINGO 37
101. Mas não podemos nós, de modo piedoso, fazer juramento em nome de
Deus?
R. Podemos sim, quando as autoridades
o exigirem ou quando for preciso, para manter e promover a fidelidade e a
verdade, para a glória de Deus e o bem-estar do próximo. Por tal juramento está
baseado na Palavra de Deus (1) e era praticado, com razão, pelos santos do
Antigo e Novo Testamento (2).
(1) Dt 6:13;
Dt 10:20; Hb 6:16. (2) Gn 21:24; Gn 31:53; 1Sm 24:22, 23; 2Sm 3:35; 1Rs
1:29,30; Rm 1:9; Rm 9:1; 2Co 1:23.
102. Podemos jurar também pelos santos ou por outras criaturas?
R. Não, porque o juramento legítimo é
uma invocação a Deus, para que Ele, o único que conhece os corações, testemunhe
a verdade e nos castigue, se jurarmos falsamente. (1) Tal honra não pertence a
criatura alguma (2).
(1) Rm 9:1; 2Co 1:23. (2) Mt 5:34-36;
Tg 5:12.
DOMINGO 38
103. 0 que Deus ordena no quarto
mandamento?
R. Primeiro: o ministério do
Evangelho e as escolas cristãs devem ser mantidos (1), e eu devo reunir-me
fielmente com o povo de Deus, especialmente no dia de descanso (2) , para
conhecer a palavra de Deus (3) , para participar dos sacramentos (4) , para
invocar publicamente ao Senhor Deus (5) e para praticar a caridade cristã para
com os necessitados (6). Segundo: eu devo, todos os dias da minha vida,
desistir das más obras, deixando o Senhor operar em mim, por seu Espírito.
Assim começo nesta vida o descanso eterno (7).
(1) 1Co 9:13,14; 1Tm 3:15; 2Tm 2:2;
2Tm 3:14,15; Tt 1:5. (2) Lv 23:3; Sl 40:9,10; Sl 122:1; At 2:42,46. (3)
1Co 14:1,3; lTm 4:13; Ap 1:3. (4) At 20:7; 1Co 11:33. (5) 1Co 14:16; 1Tm 2:1-4. (6) Dt 15:11; 1Co
16:1,2; 1Tm 5:16. (7) Hb 4:9,10.
DOMINGO 39
104. 0 que Deus exige no quinto mandamento?
R. Devo prestar toda honra, amor e
fidelidade a meu pai e a minha mãe e a todos os meus superiores; devo
submeter-me à sua boa instrução e disciplina com a devida obediência (1, e
também ter paciência com seus defeitos (2) ; porque Deus nos quer governar
pelas mãos deles (3).
(1) Êx 21:17; Pv 1:8; Pv 4:1; Pv
15:20; Pv 20:20; Rm 13:1; Ef 5:22; Ef 6:1,2,5; Cl 3:18,20,22. (2) Pv 23:22; 1Pe
2:18. (3) Mt 22:21; Rm 13:2,4; Ef 6:4; Cl 3:20.
DOMINGO 40
105. 0 que Deus exige no sexto mandamento?
R. Eu não devo desonrar, odiar, ofender
ou matar meu próximo (1), por mim mesmo ou através de outros. Isto não posso
fazer, nem por pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por atos. Mas
devo abandonar todo desejo de vingança (2), não fazer mal a mim mesmo ou, de
propósito, colocar-me em perigo (3).
Por isso as autoridades dispõem das
armas para impedir homicídios (4).
(1) Gn 9:6; Mt 5:21,22; Mt 26:52. (2)
Mt 5:25; Mt 18:35; Rm 12:19; Ef 4:26. (3) Mt 4:7; Cl 2:23. (4) Gn 9:6; Êx 21:14;
Rm 13:4.
106. Este mandamento trata somente de matar?
R. Não, proibindo o homicídio, Deus
nos ensina que Ele detesta a raiz do homicídio, a saber: a inveja (1), o ódio
(2) a ira (3) e o desejo de vingança. Ele considera tudo isto homicídio (4).
(1) Sl 37:8; Pv 14:30; Rm 1:29. (2)
1Jo 2:9-11. (3) Tg 1:20; Gl 5:19-21. (4) 1Jo 3:15.
107. Mas é suficiente não matar nosso próximo?
R. Não, porque Deus, condenando a
inveja, o ódio e a ira, manda que amemos nosso próximo como a nós mesmos (1) e
mostremos paciência, paz, mansidão, misericórdia e gentileza para com ele (2).
Devemos evitar seu prejuízo, tanto quanto possível (3) , e fazer bem até aos
nossos inimigos (4).
(1) Mt 7:12;
Mt 22:39; Rm 12:10. (2) Mt 5:5,7; Lc 6:36; Rm 12:18; Gl 6;1,2; Ef 4:1-3; Cl 3:12;
1Pe 3:8. (3) Êx 23:5. (4) Mt
5:44,45; Rm 12:20,21.
DOMINGO 41
108. 0 que o sétimo mandamento nos ensina?
R. Toda impureza sexual é amaldiçoada
por Deus (1). Por isso, devemos detestá-la profundamente e viver de maneira
pura e disciplinada (2), sejamos casados ou solteiros (3).
(1) Lv
18:27-29. (2) 1Ts 4:3-5. (3) Ml 2:16; Mt 19:9; 1Co 7:10, 11; Hb 13:4.
109. Mas Deus, neste mandamento, proíbe somente adultério e outros
pecados vergonhosos?
R. Não, pois como nosso corpo e nossa
alma são o templo do Espírito Santo, Deus quer que os conservemos puros e
santos (1). Por isso, Ele proíbe todos os atos, gestos, palavras (2),
pensamentos e desejos (3) impuros e tudo o que possa atrair o homem para tais
pecados (4).
(1) 1Co
6:18-20. (2) Dt 22:20-29; Ef 5:3, 4. (3) Mt 5:27, 28. (4) 1Co 15:33; Ef 5:18.
DOMINGO 42
110. 0 que Deus proíbe no oitavo mandamento?
R. Deus não somente proíbe o furto
(1) e o roubo (2) que as autoridades castigam, mas também classifica como roubo
todos os maus propósitos e as práticas maliciosas, através dos quais tentamos
nos apropriar dos bens do próximo (3) , seja por força, seja por aparência de
direito, a saber: falsificação de peso, de medida, de mercadoria e de moeda (4)
, seja por juros exorbitantes ou por qualquer outro meio, proibido por Deus
(5). Também proíbe toda avareza (6) bem como todo abuso e desperdício de suas
dádivas (7).
(1) 1Co 6:10.
(2) Lv 19:13. (3) Lc 3:14; 1Co 5:10. (4) Dt 25:13-15; Pv 11:1; Pv 16:11; Ez
45:9-12. (5) Sl 15:5; Lc
6:35. (6) 1Co 6:10. (7) Pv 21:20; Pv 23:20,21.
111. Mas o que Deus ordena neste mandamento?
R. Devo promover tanto quanto
possível, o bem do meu próximo e tratá-lo como quero que outros me tratem (1).
Além disto, devo fazer fielmente meu trabalho para que possa ajudar ao
necessitado (2).
(1) Mt 7:12. (2) Ef 4:28.
DOMINGO 43
112. 0 que Deus exige no nono mandamento?
R. Jamais posso dar falso testemunho
contra meu próximo (1), nem torcer suas palavras (2) ou ser mexeriqueiro ou
caluniador (3). Também não posso ajudar a condenar alguém levianamente, sem o
ter ouvido (4). Mas devo evitar toda mentira e engano, obras próprias do diabo
(5), para Deus não ficar aborrecido comigo (6). Em julgamentos e em qualquer
outra ocasião, devo amar a verdade, falar a verdade e confessá-la francamente
(7). Também devo defender e promover, tanto quanto puder, a honra e a boa
reputação de meu próximo (8).
(1) Pv 19:5, 9;
Pv 21:28. (2) Sl 50:19, 20. (3) Sl 15:3; Rm 1:30. (4) Mt 7:1, 2; Lc 6:37. (5)
Jo 8:44. (6) Pv 12:22. (7) 1Co 13:6; Ef 4:25. (8) 1Pe 4:8.
DOMINGO 44
113. 0 que Deus exige no décimo mandamento?
R. Jamais pode surgir em nosso
coração o menor desejo ou pensamento contra qualquer mandamento de Deus. Pelo
contrário, devemos sempre, de todo o coração odiar todos os pecados e amar toda
justiça (1).
(1) Rm 7:7.
114. Mas aqueles que se converteram a Deus, podem guardar perfeitamente
estes mandamentos?
R. Não, não podem, porque nesta vida
até os mais santos deles apenas começam a guardar os mandamentos (1).
Entretanto, começam, com sério propósito, a viver não somente conforme alguns,
mas conforme todos os mandamentos de Deus (2).
(1) Ec 7:20;
Rm 7:14, 15; 1Co 13:9; 1Jo 1:8,10. (2) Sl 1:2; Rm 7:22; 1Jo 2:3.
115. Para que, então, manda Deus pregar os Dez Mandamentos tão
rigorosamente, já que ninguém pode guardá-los nesta vida?
R. Primeiro: para que, durante toda a
vida, conheçamos cada vez melhor nossa natureza pecaminosa (1) e, por isso,
ainda mais desejemos buscar, em Cristo, o perdão dos pecados e a justiça (2).
Segundo: para que sempre sejamos zelosos e oremos a Deus pela graça do Espírito
Santo, a fim de que sejamos cada vez mais renovados segundo a imagem de Deus
até que, depois desta vida, alcancemos o objetivo, a saber: a perfeição (3).
(1) Sl 32:5;
Rm 3:20; 1Jo 1:9. (2) Mt 5:6; Rm 7:24,25. (3) 1Co 9:24; Fp 3:12-14.
A ORAÇÃO
DOMINGO 45
116. Por que a oração e necessária aos cristãos?
R. Porque a oração é a parte
principal da gratidão, que Deus requer de nós (1). Além disto, Deus quer
conceder sua graça e seu Espírito Santo somente aos que continuamente Lhe pedem
e agradecem, de todo o coração (2).
(1) Sl 50:14,15. (2) Mt 7:7,8; Lc
11:9,10; 1Ts 5:17, 18.
117. Como devemos orar, para que a oração seja agradável a Deus e Ele
nos ouça?
R. Primeiro: devemos invocar, de todo
o coração (1), o único e verdadeiro Deus, que se revelou a nós em sua palavra
(2), e orar por tudo o que Ele nos ordenou pedir (3). Segundo: devemos muito
bem conhecer nossa necessidade e miséria (4), a fim de nos humilharmos perante
sua majestade (5). Terceiro: devemos ter a plena certeza (6) de que Deus,
apesar de nossa indignidade, quer atender à nossa oração (7) , por causa de
Cristo, como Ele prometeu em sua Palavra (8).
(1) Sl
145:18-20; Tg 4:3, 8. (2) Jo 4:22-24; Ap 19:10. (3) Rm 8:26; Tg 1:5; 1Jo 5:14.
(4) 2Cr 20:12; Sl 143:2. (5) Sl 2:11; Sl 51:17; Is 66:2. (6) Rm 8:15,16; Rm
10:14; Tg 1:6-8. (7) Dn 9:17-19; Jo 14:13, 14; Jo 15:16; Jo 16:23. (8) Sl 27:8; Sl 143:1; Mt 7:8.
118. 0 que Deus ordenou pedir a Ele?
R. Tudo o que é necessário ao nosso
corpo e a nossa alma (1) , como Cristo, o Senhor, o resumiu na oração que Ele
mesmo nos ensinou.
(1) Mt 6:33; Tg 1:17.
119. Que diz esta oração?
R. “Pai nosso, que estás nos céus,
santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na
terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes
cair em tentação, mas livra nos do mal; pois teu é o reino, o poder e a glória
para sempre. Amém” (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4).
DOMINGO 46
120. Por que Cristo nos ordenou dizer a Deus “Pai nosso”?
R. Porque Cristo quer despertar em
nós, logo no início como base da oração, respeito e confiança, como uma criança
para com Deus. Pois Deus se tornou nosso Pai, por Cristo. E muito menos do que
nossos pais nos recusam bens materiais, Ele nos recusará o que Lhe pedirmos com
verdadeira fé (1).
(1) Mt 7:9-11; Lc 11:11-13
121. Por que se acrescenta: “que estás nos céus”?
R. Porque assim Cristo nos ensina a
não ter idéia terrena da majestade celestial de Deus (1) e a esperar, da
onipotência dEle, tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma (2).
(1) Jr
23:23,24; At 17:24-27. (2) Rm 10:12.
DOMINGO 47
P. 122. Qual e a primeira
petição?
R. “Santificado seja o teu nome”.
Quer dizer: Faze primeiro, com que Te conheçamos em verdade (1) e Te
santifiquemos, honremos e glorifiquemos em todas as tuas obras (2) , em que
brilham tua onipotência, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade.
Faze, também, com que dirijamos toda a nossa vida -nossos pensamentos, palavras
e obras- de tal maneira que teu nome não seja blasfemado por nossa causa, mas
honrado e glorificado (3).
(1) Sl
119:105; Jr 9:24; Jr 31:33,34, Mt 16:17; Jo 17:3; Tg 1:5. (2) Êx 34:6,7; Sl
119:137,138; Sl 145:8,9; Jr 31:3; Jr 32:18,19; Mt 19:17; Lc 1:46-55; Lc
1:68,69; Rm 3:3,4; Rm 11:22,23; Rm 11:33. (3) Sl 71:8; Sl 115:1; Mt 5:16.
DOMINGO 48
123. Qual é a segunda petição?
R. “Venha o teu reino”. Quer dizer:
Governa-nos por tua palavra e por teu Espírito, de tal maneira que, cada vez
mais, nos submetamos a Ti (1); conserve e aumenta tua igreja (2) ;destrói as
obras do diabo, e todo poder que se levanta contra Ti, e todos os maus planos
que são inventados contra tua santa Palavra (3); até que venha a plenitude de
teu reino (4) ,em que Tu serás tudo em todos (5).
(1) Sl 119:5;
Sl 143:10; Mt 6:33. (2) Sl 51:18; Sl 122:6, 7. (3) Rm 16:20; 1Jo 3:8. (4) Rm
8:22, 23; Ap 22:17,20. (5) 1Co 15:28.
DOMINGO 49
124. Qual é a terceira petição?
R. “Faça-se a tua vontade, assim na
terra como no céu”. Quer dizer: Faze com que nós e todos os homens renunciemos
à nossa própria vontade (1) e obedeçamos, sem protestos, à tua vontade (2), a
única que é boa, para que cada um, assim, cumpra sua tarefa e vocação (3) , tão
pronta e fielmente como os anjos no céu (4).
(1) Mt 16:24;
Tt 2:11, 12. (2) Lc 22:42; Rm 12:2; Ef 5:10. (3) 1Co 7:22-24. (4) Sl 103:20,21.
DOMINGO 50
125. Qual é a quarta petição?
R. “O pão nosso de cada dia dá-nos
hoje”. Quer dizer: Cuida de nós com tudo o que for necessário ao nosso corpo
(1), para que reconheçamos que Tu és a única fonte de todo o bem (2) e que, sem
tua bênção, nem nosso cuidado e trabalho, nem teus dons nos são úteis (3). Faze
também com que, por isso, não mais depositemos nossa confiança em qualquer
criatura, mas somente em Ti (4).
(1) Sl 104:27,
28; Sl 145:15,16; Mt 6:25,26. (2) At 14:17; At 17:27, 28; Tg 1:17. (3) Dt 8:3; Sl 37:3-7,16,17; Sl
127:1,2; 1Co 15:58. (4) Sl 55:22; Sl 62:10; Sl 146:3; Jr 17:5,7.
DOMINGO 51
126. Qual é a quinta petição?
R. “E perdoa-nos as nossas dividas,
assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”. Quer dizer: Por causa do
sangue de Cristo, não cobres de nós, miseráveis pecadores que somos, nossas
transgressões nem o mal que ainda há em nós (1) , assim como tua graça em nós
fez com que tenhamos o firme propósito de perdoar nosso próximo, de todo o
coração (2).
(1) Sl 51:1; Sl 143:2; Rm 8:1; 1Jo
2:1. (2) Mt 6:14,15.
DOMINGO 52
127. Qual é a sexta petição?
R. “E não nos deixes cair em
tentação, mas livra-nos do mal”. Quer dizer: Somos tão fracos que, por nós
mesmos, não podemos subsistir por um só momento (1); além disto, nossos inimigos
declarados: o diabo (2), o mundo (3) e nossa própria carne (4) nos tentam
continuamente. Por isso, Te pedimos: sustenta-nos e fortalece-nos, pelo poder
de teu Espírito Santo, a fim de que neste combate espiritual não sejamos
derrotados (5), mas possamos fortemente resistir, até que finalmente alcancemos
a vitória total (6).
(1) Sl 103:14-16; Jo 15:5. (2) Ef
6:12; 1Pe 5:8. (3) Jo 15:19. (4) Rm 7:23; Gl 5:17. (5) Mt 26:41; Mc 13:33; 1Co
10:12, 13. (6) 1Ts 3:13; 1Ts
5:23.
128. Como você termina sua oração?
R. “Pois teu é o reino, o poder e a
glória, para sempre”. Quer dizer: Tudo isso Te pedimos, porque Tu queres e
podes dar-nos todo o bem, pois és nosso Rei e tudo está em teu poder (1).
Pedimos-Te isso também, para que não o nosso, mas teu santo nome seja
eternamente glorificado (2).
(1) 1Cr
29:10-12; Rm 10:11-13; 2Pe 2:9. (2) Sl 115:1; Jr 33:8, 9; Jo 14:13.
129. 0 que significa a palavra: “amém”?
R. Amém quer dizer: é verdadeiro e
certo. Pois Deus atende à minha oração com muito mais certeza do que o desejo
que eu sinto, no coração, de ser ouvido por Ele (1).
(1) 2Co 1:20; 2Tm 2:13.